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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Eu gosto de pessoas que leem

 

Morpheus no filme Matrix

EdiSilva
Eu não gosto quando o título é a primeira linha de um texto, por isso, acrescentei essa linha no início. 😁

Eu gosto de pessoas que leem. Ultimamente tenho ouvido muito as pessoas dizerem que não adianta mandar texto grande, pois elas não vão ler. Eu tenho um problema (um, não, vários, mas quero falar desse agora.) Eu não consigo escrever pouco e acho que não se pode dizer nada sério em 140 caracteres. No máximo, pode-se repetir um bordão, uma piada curta, uma ideia embaçada.

Por tudo isso, tenho ficado triste e desiludido com as pessoas que preferem a vida simples, fugaz e tola dos "memes". Quantas vezes você já viu um post no facebook, leu o título, achou legal e compartilhou sem clicar no link e ler do que realmente se trata? Eu já vi vários textos que não confirmavam a manchete. E aí? Um conhecido compartilhou uma reportagem cuja manchete falava de crescimento econômico e ele pensou ser sobre o governo bolsonaro. Não, era sobre o governo Dilma. Eu aproveitei para tirar um sarro.

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A Argentina tem um povo muito mais consciente que o brasileiro. Quando o povo argentino faz uma greve, o país para de funcionar. É obstinado na defesa dos seus direitos. E é uma população que lê. Muito mais que a brasileira.

O Brasil foi estuprado recentemente pelos golpistas. Tem sido revirado em todos os direitos conquistados ao longo de 78 anos (de 1943 a 2021). Por pura ignorância, recebe toda a violência de bolsonaro golpista de peito aberto e panelas caladas (com raras exceções). Por pura ignorância, tira um mês de férias e xinga os sindicatos; recebe 13º salário, gasta e xinga os comunistas; aposenta-se com remuneração, dependendo do caso, igual à que recebia antes, ou próximo, se for da iniciativa privada, e xinga os esquerdistas; as mulheres votam e podem quase exercer todos os seus direitos e xingam as feministas; podem votar para presidente (todos, após 1985) e querem acabar com os malditos esquerdistas que morreram no pau de arara para permitir que eles tenham este direito, inclusive de votar em um defensor da ditadura e das torturas e torturadores, como Bolsonaro.

É um povo estranho que não sabe que todos os direitos que possui vieram da luta de pessoas, muitas anônimas, que sofreram, apanharam, respiraram gás de pimenta, foram torturadas, exiladas, morreram, foram escravizadas e viram os filhos passarem por tudo isso também, desde 1500.

António Lobo Antunes é escritor e psiquiatra português

Defende o capitalismo, mesmo sendo pobre e não sabendo que para ser capitalista tem que ter capital, tem que possuir os meios de produção, logo, se for pobre, como pode ser capitalista? No máximo, pode ser defensor do direito de outra pessoa que possua tudo isso, escravizar a todos por um salário que não dá nem para alimentar direito a família. Mas está tudo certo, sempre foi assim. Não há nada que se possa fazer. É alguém que adora cantar "deixa a vida me levar, vida leva eu" e não sabe que tudo poderia ser diferente, simplesmente por que nunca se preocupou em ler algo mais que uma revista de fofoca ou a manchete de um jornal pendurado na banca.

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O brasileiro é aquele que vai às ruas fazer passeata contra o governo (o único) que lhe proporcionou 13 anos de oportunidades; e abraça o patrão, os dois lado a lado, felizes por verem todas aquelas pessoas de verde e amarelo gritando por ditadura e fascismo. Quando termina a passeata, o patrão entra em sua Mercedes e o trabalhador na dele (o ônibus), sendo que vão para o mesmo lugar, a fábrica. Lá chegando, um entra no elevador executivo e o outro, o do ônibus, pega a escada para o andar de baixo, para carregar peso, sem ar condicionado e muitas vezes, sem nem circulação de ar. Mas está feliz porque estava junto com o patrão e os dois pensam igual. Não sabe que isso é impossível, pois cada um tem um objetivo na vida. Um quer ganhar dinheiro com a exploração do trabalho do outro.

O brasileiro é aquele que paga uma boa grana na assinatura de tv, do netflix, na compra de dvds e blu rays (esses últimos, nem tanto mais) e quando chega em casa, a primeira coisa que faz é ligar a tv na Globo. Já que é assim, que não tem nem consciência de quem é o seu maior inimigo, cancele a tv por assinatura e todo o resto. Pelo menos será uma boa economia.

Somos o povo que no cinema, não assiste a filme legendado, pois temos preguiça de ler até ali. E com isso perde uma boa parte do trabalho dos atores.

Quem somos nós? Quem são os brasileiros? O brasileiro é muito mais que isso, mas infelizmente, também é isso.

E porque não lemos?

Com um pouco de leitura, poderíamos, ao menos, fazer tudo o que foi mencionado, mas de forma consciente. Sabendo que estamos sendo explorados, que estamos perdendo nossos direitos, mas é assim que queremos.

Bom, sabendo que poucas pessoas (ou nenhuma) chegaram até aqui e que muitos desistiram só em ver o tamanho do texto, acho melhor parar. Sim, sou prolixo (alguns acham que sou "pro lixo").

Ah! Por favor, caso haja algum erro aí em cima, perdão!


Um comentário:

  1. Li o texto todo.
    Pactuo da ideia de que estudar é mais importante do que ir à escola. E nós pecamos muito nesse quesito. O brasileiro costuma frequentar a escola, porque esta lhe concede um "canudo", mas é, com bastante moderação, que aprecia o conhecimento. Geralmente, cumpre a etapa escolar, porque o mercado vai exigir o certificado.
    Como, nesta vida, nada é de graça,
    a ignorância, por exemplo, costuma cobrar um preço alto para manter o ignorante em sua zona de (des)conforto.
    Sobre a prolixidade,ela cai muito bem em suas produções textuais.
    Não é por ser prolixo que deva ser pro lixo.

    Bom dia!

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