Cegueira alienante - Nada mudou - Forte Cultural

Breaking

sábado, 18 de setembro de 2021

Cegueira alienante - Nada mudou

 Republicação de texto meu de 2019


Em muitas oportunidades fomos confrontados com a afirmação de pessoas que viveram durante a ditadura brasileira de 64 a 85 do século vinte, quando elas dizem que, como não eram bandidos ou "terroristas", nunca foram presas e nem torturadas pelo governo da época.

Como enfrentar essa situação de demonstração total de alienação diante dos fatos?

Uma forma de enfrentar essa discussão é através da frase de Rosa de Luxemburgo, que diz: "quem não se movimenta, não percebe as correntes que o aprisionam."

Uma segunda forma seria a metáfora do livro de Saramago, "Ensaio sobre a Cegueira", onde os cidadãos ficam cegos ao que acontece em seu mundo, muitas vezes por escolha, falta de interesse por outras pessoas, ou seja, insensibilidade social.

É o básico. Como viviam todos em suas residências "com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar", para citar também Raul Seixas, nada lhes incomodava. Nem mesmo o sofrimento de quem ousava pensar ou agir. Esses eram os perseguidos. Esses sofreram as dores provocadas pelas correntes do pensamento fechado daqueles dias.

Para se comprovar isso, basta ver o número dos que morreram ou foram torturados e daqueles que desapareceram.

E, caso você analise, concluirá que todos esses eram pessoas que poderiam facilmente ser chamadas de "cidadãos de bem". Para a maioria delas, nunca foi necessária nenhuma ação extraordinária, senão a publicização de seus pensamentos.

O enclausuramento de si mesmo, além de garantir uma segurança ilusória, também aliena a ponto de fazer com que a pessoa não veja o furacão que envolve a sua vida, do qual ela fica protegida graças aos olhos fechados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário