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Imagen: Bernardino Avila - Página 12 |
EdiSilva
O senado argentino vota agora, em sessão prevista para durar 13 horas, graças ao número de oradores inscritos, projeto de lei que aprova a legalização do aborto. A votação deve terminar por volta de cinco horas da manhã desta quarta feira.
O resultado é imprevisto. Em votação de 2018, o projeto não foi aprovado.
O senador Oscar Parrilli pediu, durante sua intervenção, que se respeitem a postura de cada legislador, pois "ninguém vai ganhar o céu ou o inferno por votar de uma ou de outra forma, nem somos mais ou menos católicos, mais ou menos cristãos, ou gostamos mais ou menos da vida". É previsto que ele vote a favor do projeto.
"Se o aborto se fizer lei, não será mais clandestino, mas os verdadeiros problemas seguirão sendo. Este projeto deixa as mulheres sozinhas, abandonadas", afirmou o senador da UCR e presidente da comissão de saúde, Mario Fiad.
Em um discurso muito duro contra a iniciativa, o senador de oposição disse que "aprovar este projeto é reconhecer o fracasso estrondoso do Estado". E continuou: "Como não pudemos garantir a segurança das mulheres, como fomos incapazes de evitar que as meninas sejam abusadas, oferecemos-lhes o aborto". Lembrando que o governo anterior era apoiado pelo senador e também, então, não conseguiu dar essas garantias às mulheres e às meninas do país.
Em seguida veio a deputada Nancy Gonzáles, (Frente de Todos) e em um inflamado discurso a favor dos direitos das mulheres, a senadora de Chubut, pela Frente de Todos, questionou os argumentos de Dalmacio Mera, outro senador da oposição e disse: "Depois de dois anos que tratamos esta lei, em 2018, precisar escutar que se fale do ano de 1315... A verdade é que estou atordoada. O que ele nos quer dizer? Que nós que estamos a favor desse projeto somos assassinos ou vamos sair a assassinar? Um pouco mais de respeito!".
O mencionado senador havia feito uma comparação estranha entre um fato acontecido no reinado de Eduardo II, quando, para solucionar uma seca persistente, um de seus conselheiros teria sugerido matar a metade da população de porcos. É um fato do qual não encontrei referência nesses termos, mas a fome no período de 1315 a 1317 realmente aconteceu.
A senadora foi clara em sua intervenção: "Obrigar a ter um filho aquela pessoa que não deseja é submetê-la a uma tortura. Com que cara podem obrigar a dar à luz uma mulher quando ela não o deseja? Como podem se sentir no direito de decidir sobre o projeto de vida de outra pessoa?".
De acordo com ela, oitenta mulheres morreram desde 2018, após o senado se negar a aprovar o projeto além das crianças que ficaram órfãs por abortos clandestinos que resultaram na morte das mães. "Em 2018 era tarde, hoje é mais tarde ainda, por que as vidas dessas mulheres não serão recuperadas". Continuou: "Sabe por que vou votar a favor, senhora presidenta? Para que não voltemos nunca mais ao médico inexperiente, aos cabides (usados para aborto clandestino), às garagens clandestinas, para que não voltemos nunca mais às mortes por abortos clandestinos".
Na Argentina a vice-presidenta da república é também presidenta do senado, por isso Cristina Kirchner dirige a sessão.
A discussão prossegue e pode ser acompanhada aqui.
A observar: até o momento, o placar está 13 votos a favor (ainda não é a votação, mas os discursos a favor e contra o projeto) e 6 contra. Dos votos a favor, um é de um senador e todos os outros são femininos e dos votos contra, somente um é feminino. Um dos discursos favoráveis é de uma senadora que votou contra o aborto legalizado em 2018.
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