O setor cultural do DF não tem folga. É uma pancada atrás da outra. E não tem governo que mude isso.
Agnelo nos levou uma parte dos recursos do FAC (Fundo de apoio à Cultura), no que foi imitado pelos governadores seguintes.
Aqui eu já publicava as críticas de Rollemberg a Agnelo, quando este pretendia ser candidato a governador. E eu concordava com aquelas que se referiam à Cultura.
Mas Rollemberg não esperou muito após sua posse para também botar as mãos no dinheiro do FAC que é carimbado e deveria ter destino certo de acordo com a Lei Orgânica do Distrito Federal, após muita luta do setor cultural para a aprovação de uma Emenda à Lei Orgânica.
E Rollemberg ficou com esse dinheiro durante quatro anos. Aquele que Agnelo tomou e o que ele mesmo tomou posse durante seu tempo de governo.
Desde 2019, temos Ibaneis na cadeira mais importante do executivo distrital. Imagine: se os governadores pertencentes a partidos que sempre lutaram pela Cultura meteram a mão no pequeno percentual reservado para o setor cultural, o que faria um herdeiro de Roriz? Alguém que não tem nenhum compromisso com Cultura? Alguém que é aliado do governo federal, que prometeu acabar com a Cultura desde a campanha eleitoral?
Isso mesmo: continuou e piorou o que já estava ruim. A obra "cultural" que Ibaneis nos promete é um museu. "Ótimo!", pensarão alguns. "Museu é Cultura!". No caso, ele pretende construir o museu da bíblia. Essa é a grande obra cultural de Ibaneis. O Teatro Nacional permanece fechado necessitando de reformas; os artistas e produtores continuam sem trabalhar, pois não recebem o dinheiro do FAC; e, o mais interessante, agora quer usar esse dinheiro para cobrir outros buracos.
De acordo com Wellington Abreu, ator, diretor e estudioso de cinema e teatro do DF, o setor cultural precisou entrar na justiça para obrigar o governo a devolver o que foi retido do FAC (intenção que eu já mencionava no em meu post de 2019, que copio abaixo) em todos esses anos. Ganhou o processo e o governo tem que pagar. Agora aparecem pessoas dentro do governo colocando a decisão judicial debaixo do braço e puxando o resultado da luta homérica do setor cultural como se fosse mérito seu. Querem fazer política com isso.
O movimento cultural do DF vem empreendendo essa luta há muitos anos, como mencionei acima e publico abaixo um pouco do que eu registrei no meu blog sobre isso.
A Cultura espera Coragem e Ousadia, Governador!
Secretaria de Cultura? Próxima!
Sobre o governo Ibaneis, vejam o texto que publiquei em sete de setembro de 2019. Temos aí um breve relato do que já vinha sendo feito pelo governador no primeiro ano de seu mandato:
Meu relato sobre a Audiência Pública a respeito da Lei Orgânica da Cultura - e a fuga do secretário
![]() |
Renio Quintas, Wellington Abreu, deputada Arlete Sampaio (PT), deputado Leandro Grass (Rede) e Christiane Ramires - Foto: Rinaldo Morelli |
A comunidade cultural é totalmente a favor da manutenção, da reforma e da reabertura dos diversos espaços culturais, que se encontram em condições precárias ou mesmo fechados por falta de ação do governo local (governo é contínuo. Governo não acaba ao final do mandato de um governador. A atual gestão está fazendo muito para diminuir nossos artistas, ou mesmo acabar com a Cultura, algo que ele compartilha com a gestão federal, mas as gestões anteriores não estão livres de pecado).
Apesar da falta de disposição para discutir o desvirtuamento do FAC por parte da secretaria de Cultura, a audiência foi muito proveitosa graças à contribuição dos presentes.
O FAc é tratado na LOC, somente nos artigos 64 a 67; no parágrafo quinto do inciso II do artigo 80; e no artigo 81, que, por sinal, dá um calote no fundo com relação ao que foi desvirtuado pelo GDF até 2016. Somente até 2016, para ficar claro. A grande questão é a ilegalidade da ação da secretaria. Está patente na LOC, no caput do artigo 64, qual a finalidade do FAC. Cito: "...que tem como finalidade apoiar, facilitar, promover, difundir e fomentar projetos e atividades culturais, em modalidade reembolsável ou não reembolsável." Continuando no artigo 65, parágrafo segundo, cito: "§ 2º É vedado às entidades governamentais o acesso aos recursos do FAC." e parágrafo terceiro, cito: "§ 3º Os recursos do FAC não podem (grifo do Forte Cultural) ser utilizados nas despesas de manutenção administrativa da Secretaria Estado de Cultura (grifo do Forte Cultural), excetuado o disposto no art. 67." (que trata da gestão do próprio fundo) e parágrafo único do artigo 66, cito: "Parágrafo único. É vedado o contingenciamento ou o remanejamento dos recursos de que trata o inciso II do caput para atender a finalidades que não sejam relacionadas diretamente às finalidades do Fundo"
Foi lembrado também o edital 05/2019, chamado de FAC Mais Cultura, que trás um valor de R$5,5 milhões de reais.
Essa é mais uma clara ilegalidade da secretaria, pois A LOC trás em seu artigo 64, parágrafo terceiro, incisos I, II e III, o seguinte:
§ 3o A gestão do FAC observa o seguinte calendário anual:
I – até 31 de janeiro, é publicado o saldo do exercício anterior; Não cumprido.
II
– até 30 de abril, é lançado o primeiro bloco de editais, contendo todo o saldo do exercício anterior adicionado da metade da previsão orçamentária do exercício em curso, incluindo-se o disposto no art. 66, II; Não cumprido.
III – até 31 de agosto, é lançado o segundo bloco de editais, com todo o saldo restante do exercício em curso, incluindo-se o disposto no art. 66, II. Não cumprido.
Só aí, vemos três ilegalidades da secretaria de cultura.
Em certo momento da audiência da tarde, o secretário afirmou que concorda que existe um entendimento divergente entre a comunidade cultural e a secretaria sobre a Lei. Os trechos citados acima são muito claros e não dão margem a dúvidas, assim como não há exceções na Lei, além do citado e dos 5% dos recursos do FAC que podem ser direcionados exclusivamente para gestão do próprio fundo.
==*==
Era assim em 2019 e continua assim hoje. A única diferença é que mudou o secretário, mas não os métodos e a falta de compromisso com a Cultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário