Esta texto foi escrito e postado originalmente em 9 de novembro de 2015.
EdiSilva
20 de outubro de 2015. Fiz o almoço e quando a esposa chegou e nos preparávamos para almoçar, tocou o meu celular. Atendi e, do outro lado, após os costumeiros cumprimentos, ouvi a seguinte pergunta, que, para a maioria das pessoas, não passa de uma amabilidade entre interlocutores normais:- Você teve febre ultimamente?
De imediato, compreendi do que se tratava. Tive uma leve queda de pressão e comecei a suar frio. Mesmo assim, respondi que não. Então veio a segunda pergunta:
- Teve gripe nos últimos dias?
Após a minha negativa, ele perguntou:
- Em quanto tempo você pode estar aqui?
O que eu tinha entendido logo no início da conversa, era que havia a possibilidade de um rim disponível para meu transplante. E significava também que os primeiros filtros da compatibilidade já haviam sido verificados e faltava pouco para confirmar que o órgão seria meu.
Dirigi-me ao hospital e, após mais alguns exames, por volta das dezenove horas, recebi a confirmação: faria a transplante naquela noite.
Meia noite entrei na sala de cirurgia, da qual saí, pela informação de minha esposa, às quatro e vinte. Acordei no dia seguinte na UTI, na qual permaneci até por volta das dezessete horas daquele dia, sendo, então, transferido para o quarto.
A cirurgia tinha sido um sucesso, tanto que após sete dias, recebi alta.
Aquele medo inicial foi substituído ao longo da tarde e da noite, enquanto esperava pela cirurgia, por um certo humor, tanto que consegui fazer algumas piadas com a enfermeira e com o anestesista até o último momento de que me lembro.
O anestesista preparou o acesso em minha mão, aplicou alguma droga e me disse que eu começaria a me sentir um pouco tonto. Lembro-me de ter ficado ainda um pouco acordado e então, nada.
Foi um processo muito curto para mim, considerando o tempo que normalmente se leva para conseguir um transplante. Alguns companheiros de hemodiálise esperam por anos.
Agradecimentos:
Farei um relato mais completo do meu diagnóstico como doente renal crônico, paciente em hemodiálise e tudo o mais em breve aqui pelo blog, mas, neste momento, gostaria de fazer alguns agradecimentos. Muita gente me ajudou durante este processo, porém quero pedir aos parentes e amigos que me perdoem, mas gostaria de agradecer agora especialmente à família, a qual desconheço, que, mesmo em um momento de dor, foi generosa o bastante para permitir a doação dos órgãos de seu familiar.
Este é um ato que sobrepõe quase todos os outros tipos de altruísmos que possamos fazer durante nossa vida.
Uma pessoa perdeu a vida, mas deu esperança de vida para várias outras.
Muito obrigado e que este ato de vocês sirva de inspiração para que muitas outras famílias façam o mesmo.
O hospital me deu uma medalha comemorativa do que pode ser considerada como uma nova data de nascimento para mim. Esta família merece muito mais que uma medalha, mas, certamente, já sente esta recompensa em seu coração.
Como já disse, em breve relatarei a minha caminhada até aqui, desde o disgnóstico até o transplante e tudo o que cerca um paciente transplantado, como dietas e cuidados essenciais nesta nova vida.
Agradeço também a toda a equipe do hospital, que não nomino por não conhecer as regras do mesmo com relação a publicidade de seus atos, mas todos eles sabem que estou muito grato. Valeu e continuaremos juntos ainda por um longo tempo!
Um adendo que considero importante: todo o meu tratamento está sendo pago pelo SUS.
Um adendo que considero importante: todo o meu tratamento está sendo pago pelo SUS.
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