QNL de Taguatinga é uma ilha sem coronavírus - Forte Cultural

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sábado, 9 de janeiro de 2021

QNL de Taguatinga é uma ilha sem coronavírus

Consuma com cuidado, pois contém ironia.

 EdiSilva

Tenho saído um pouco de casa para caminhadas. Passo leve, tranquilo, cerca de 4 quilômetros. Não prometo que vou fazer todos os dias e nem que aumentarei a distância. Vou de passo em passo, dia a dia.

Mas a minha caminhada de hoje me trouxe muita alegria. Pude verificar que moro em uma ilha. Para quem não conhece, moro na QNL de Taguatinga, cidade satélite de Brasília. Periferia. Mas por que eu disse ilha? Simples: estou morando em um lugar que felizmente já venceu o coronavírus. Simples assim.

De todas as pessoas que encontrei, poucas, talvez três, além de mim, usavam máscara. Mentira. Deviam ser umas trinta. Explico: as três pessoas mencionadas primeiro usavam suas máscaras tampando boca e nariz. As outras pertencem a uma espécie de mutação da raça humana que está livre de se infectar pela boca e pelo nariz, mas pode ser infectada pelo queixo. E todas essas pessoas, sabiamente, usavam suas máscaras cobrindo essa parte sensível de sua anatomia.

Outras tantas já estão livres da infecção, pois não usavam nada. Motoqueiros, grupo de cinco pessoas em um automóvel, ciclistas, pedestres e crianças. Encontrei dois grupos de crianças brincando. Um, com oito crianças entre oito e doze anos, calculando pelo tamanho. Meninos e meninas, brincavam na rua, que imagino fosse em frente às suas respectivas casas. Todos sem máscara. Nem no queixo. Não pertencem ao grupo de mutantes. Talvez os pais componham esse grupo.

O outro grupo, cinco crianças, jogavam bola em uma quadra de cimento. Todos meninos por volta dos doze anos. Também sem máscaras.

Em lanchonetes, restaurantes, tanto clientes quanto funcionários. Todos livres da praga. Funcionários de um supermercado com a mutação citada, seguem alegres e conversando. Uma candidata a atleta, livre da doença e seu personal trainer, coitado, medroso como eu.

Vendo que moro em um lugar tão distinto e com medicina e ciência tão avançadas para ter eliminado o vírus em pouco tempo (e antes de todo o resto do país, que sofre com recordes de infecções e mortes todos os dias, talvez por ato milagroso de São Ibaneis e São Messias - ficou estranho), acho que vou me arriscar na próxima caminhada e sair sem máscara. 

Será que devo ou pertenço a uma classe de gente diferente e paranoica? Considerando a forma como as pessoas estão agindo, vou procurar o psiquiatra imediatamente. 

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