Não haverá golpe militar no Brasil

 

EdiSilva

Se você é a favor de teorias da conspiração e acredita que haverá um golpe militar no Brasil, sinto lhe dizer que é piração sua.

Não há a necessidade de golpe militar, pois os militares já governam o país. E sem golpe. Eles chegaram lá pelo voto, quase pacificamente, usando somente a mentira, aproveitando as brechas que o sistema deu e que as autoridades responsáveis pela vigilância da Democracia permitiram, como se pode ver nesse artigo do jornal espanhol El País, de 27 de outubro de 2018. O artigo está em português.

Por simpatia ou por inércia, o sistema se abriu para que alguém conhecido por suas posições antidemocráticas fosse alçado a um posição que lhe permitiria trazer de volta o regime que ele disse que traria. Sim. É assim simples. 

Só o que falta para completar o serviço é o fechamento do governo, o combate às outras instâncias democráticas, como aquela na qual presta serviço o ministro mencionado no artigo acima. Mas certamente aquele ministro não sofrerá perseguição. Ele foi artífice do golpe. Ele e muitos outros permitiram que isso acontecesse na frente de toda a população: dos cúmplices, assim como ele, e dos que conseguiam ainda enxergar alguma coisa, mas pouco puderam fazer diante da "maioria cega" que votou a favor de sua própria danação.

O presidente foi enchendo seu governo de militares e hoje no governo temos mais pessoas com patentes do que nos próprios governos da ditadura de 1964 a 1985. Estão em toda parte. Não há mais necessidade de golpe para colocá-los lá.

Nosso problema agora é como tirá-los. Não basta remover o fã de torturadores da chefia do governo, pois muitos outros iguais a ele estão infiltrados e lá ficarão no caso de impedimento do chefe, pois o cargo de presidente será ocupado por outro militar, Mourão. E não creio nessa conversa de militar da reserva. Não há como tirar uma vida de condicionamento da cabeça de uma pessoa só mandando-a para a aposentadoria.

E, em uma hipótese mais difícil de acontecer, caso sejam afastados presidente e vice, a eleição aconteceria no congresso nacional, como determina a Constituição de 1988, onde a direita tem maioria. O eleito possivelmente será de alguém do centrão. Maia ou outro neoliberal, que nada fará para remover os militares já bem acomodados e nem mudará a política econômica que é o pior dos males trazidos por temer e aprofundado por bolsonaro. 

Somente uma nova eleição livre, que esperemos ainda existir em um futuro próximo, poderia mudar esse rumo. Mas como? 

Isso, uma nova eleição, só aconteceria em caso de uma revolução popular, mas nosso povo, enredado pelas mentiras da imprensa oficial, que faz com que ele, povo, escolha sempre contra si mesmo, nunca fortalecerá um movimento de mudança profunda em direção à esquerda. Pelo contrário, se o fizer, será a favor da direita e de quem está a postos para lhe arrancar mais direitos e à venda do patrimônio nacional em nome de um crescimento econômico que resistiu a todas as promessas anteriores: tirar a Dilma, reforma trabalhista, reforma da previdência etc.