Um ano bolsonaro - Forte Cultural

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quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Um ano bolsonaro

 

EdiSilva

Minha filha e eu fomos à padaria aqui perto de casa, cerca de ceto e cinquenta metros, buscar umas sobremesas. Fomos a pé, pois era pouca coisa. 

Devidamente paramentados com nossas máscaras.

Ao chegar na padaria percebi uma moça que gritava ao celular a uns quarenta metros dali. Ela brigava com o namorado ou marido, ou mesmo, namorido. Não deu para tirar essa conclusão. E não me chamei de bisbilhoteiro, pois não havia como não ouvir o que ela dizia. Eu não sei onde o cara estava, mas até uma distância de 30 quilômetros, creio que ele não precisaria de telefone para ouvi-la.

Aparentemente ele estava em algum lugar ou fazendo alguma coisa que ela desaprovava com muita intensidade. Haja advérbio para reforçar advérbio até chegar na intensidade da desaprovação.

"Ah, é?. Pois você é corno! Eu coloquei chifre em você!". Ela não disse quantas vezes cometeu o ato de se divertir sem a presença de seu, aparentemente, amado, mas considerando o número de vezes que ela repetiu isso, devem ter sido várias ocasiões. Ou uma bem demorada.

Uma senhora saiu da padaria e disse para as filhas que estavam esperando no carro, que fechassem os vidros. Medo de que as palavras ferissem os ouvidos sensíveis das mocinhas? Minha senhora, nem te conto...

E a moça, depois de alguns minutos, seguiu gritando e tanto que ainda consegui para ouvir por algum tempo.

E veio a chuva. Mas não foi qualquer chuvinha. Eram pingos daqueles que um só poderia encher uma lata de dezoito litros. E não é exagero. Não muito... e o vento? O vento levava tudo pela rua. Um carro começou a descer pela rua, evidentemente porque seu motorista pisava no acelerador, mas diversas coisas mais leves foram arrastadas.

E agora? Conseguiremos levar a encomenda?

Pegamos tudo e seguimos pela rua, que já se enchia de água. Felizmente as embalagens eram plásticas (difícil falar isso sobre plástico, mas...) e chegamos em casa bem... molhados.

Pouco depois começou a cair granizo. Por minutos não levamos pedradas na cabeça.

É assim que 2020 se despede: com muitas mortes e doentes e ainda entrega para seu substituto a possibilidade de maiores tragédias graças à teimosia e à burrice dos seres humanos.

Esse ano deveria ser chamado de "bolsonaro". Os dois são muito parecidos.


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