Coletivo Instrumento de Ver - Correio Elegante - Carta XVII - Venha ver!

Ainda não sabemos você, mas por aqui estamos dando voltas. Não no mesmo lugar, e, sim, voltas espiraladas para chegar em lugar nenhum, mas continuar em movimento. É que o equilíbrio é titubeante, sensível, persistente. Cada vez mais titubeante, cada vez mais sensível, ainda mais persistente. Nesse espaço-movimento temos nos deslocado, vez ou outra fisicamente, vez ou outra virtualmente, um pouco longe, muito perto. Em baixo pra poder pisar no chão, em cima pra poder cair, nem sempre a espiral é linear. Na manhã da próxima quarta-feira, dia 26/5, temos um encontro marcado com todos os benfeitores do nosso financiamento recorrente. É uma aula de dança, em modo virtual e diretamente de São Paulo, com o mestre dançarino-coreógrafo-parkourzeiro Diogo Granato. Esta é uma atividade exclusiva a quem não soltou a nossa mão até agora, mas se você não faz parte dessa corrente, ainda dá tempo de participar. Corre aqui na nossa campanha GALPOA VIVA e nos ajude a continuar existindo.

Estamos dividindo pra poder nos espalhar, desperdiçando pra poder distribuir. É que somos partidárias da fartura como filosofia. Foi essa abundância que nos levou à Fortaleza. Amigos artistas generosos nos convidaram para trocar processos de criação com outras artistas do Colaboratório em Artes Circenses. Foram dois meses de videochamadas resultando nas Tangentes para traçar o encontro. Além disso, pudemos contar um pouco sobre a nossa experiência no audiovisual na programação do Colab Convida e apresentamos Beatriz, EXUFRIDA, Ruína e 23 fragmentos desses últimos dias. Devagarinho pra poder dançar, bem de leve pra flutuar. Nesses últimos meses, estivemos em dois festivais virtuais super interessantes e ainda dá tempo de acessar: Em março estivemos no Festival #somoscirco com os videos EXUFRIDA e Ruína. Além da participação nas mostras, a Julia foi entrevistada e os trechinhos das entrevistas estão no canal do festival, logo logo vai virar podcast.  Atualmente, EXUFRIDA está no Festival Dance on Screen Alabama - Dosabama, representando o Brasil e concorrendo com outros vídeos dos Estados Unidos, Congo, Coréia, Rússia e México. Clique em RSVP, siga as instruções para assistir e votar, ainda dá tempo.   Ainda estaremos em mais três festivais: no Festival Mundial de Circo, com o vídeocirco Ruína que vai acontecer entre 4 e 13 de junho nas ondas da internet, diretamente de beagá. O video Beatriz participa do Festival Universo Circo, que vai acontecer nos dias 26 e 27 de junho, exclusivamente online. Alguns dias atrás também gravamos o número Teoria de Tudo para o Festival Circolar, que ainda não definiu a data, mas assim que soubermos falamos pra vocês. Estamos estudando pra poder desinventar, estamos aqui mastigando para suportar. Resolvemos despretensiosamente dividir com vocês o que andamos consumindo nesse mundo virtual. No mar das informações, achamos interessante coletar o que nos alcança, apesar da dificuldade em diferenciar conteúdos, e dividir um pouco das nossas referências, indicações, amizades e admirações. Todas as terças-feiras nos Stories do nosso canal no Instagram.

Estamos te explicando pra te confundir, estamos te confundindo para esclarecer, iluminadas pra poder cegar, ficando cegas pra poder guiar. Fomos nos aproximando para não desaparecer. Já são mais de 435 dias trabalhando longe uma da outra, sem pisar no palco, inventando nosso picadeiro virtual… resolvemos ensaiar a nossa reaproximação. Quem entrou no grupo de amigos próximos do nosso Instagram acompanhou o estreitamento das nossas distâncias, pouco a pouco, até chegar nesse dia aqui, abraçando as expectativas e agarrando a nossa perspectiva de futuro. Tudo está frágil, incerto. Um pouco desequilibradas, mas atentas e cautelosas. Fizemos um pacto, criamos essa bolha para dar continuidade aos projetos que ficaram em suspensão, desde março de 2020, mas que, agora, já conseguimos vislumbrar o horizonte (embaçado). Combinamos ir juntas. Apesar dos perigos que nos rondam por todos os lados, acreditamos que a única forma de sobrevivência é em coletivo. Essa bolha-família circense que criamos virou um ensaio com o João Saenger na nossa galpoa, celebrando a insistência em continuar existindo, e, agora, compartilhamos esse encontro com você.

Desse encontro, nasce uma proposta enviada para o SESC DF com duas oficinas e uma apresentação “ao vivo” pelo Zoom, transmitida diretamente da nossa galpoa. Estaremos juntando os cacos do que foi despedaçado e apresentaremos as novas habilidades adquiridas na pandemia. Estaremos às 20h do dia 11 de junho no nosso primeiro picadeiro online, depois de muito tempo sem nos apresentar para você. Suavemente pra poder continuar, olhos abertos pra ver tudo, com alegria pra poder gritar, desesperadas pra tudo melhorar, carinhosas pra alfinetar, lentamente pra não parar, atrás da vida pra alcançar, estamos nos despedindo pra reaparecer. *Inspiradas por Tom Zé Bia, Julia e Maíra