EdiSilva
Houve um pequeno período da minha vida em que eu assistia a mesas redondas de futebol. Bom, nem sempre são redondas. Na verdade, eles usam mesas de todos os formatos e alguns nem precisam delas.
Isso foi por volta de 2014 a 2016.
Resultado? Enchi o saco!
Eu assistia ao jogo e depois parava para ouvir os comentários dos "especialistas". O jogo descrito por eles não era o mesmo que eu tinha assistido. Abusei, deixei pra lá.
Mas esse nariz de cera todo é para entrar em outro assunto: os preferidos dos comentaristas e narradores brasileiros. Desse a gente não consegue escapar, desde que decida assistir ao jogo.
E narradores e comentaristas brasileiros possuem algumas preferências, vacas sagradas com as quais eles não mexem e as quais não criticam.
Eles nunca falam mal do Flamengo e eles comentam os jogos em função do time carioca. Por exemplo: se o narrador pergunta para o comentarista como está o jogo, ele começa a dizer o que o Flamengo precisa fazer para ganhar ou ampliar o placar. "O Flamengo precisa avançar pelas laterais, abrir um pouco mais seus atacantes para surpreender o adversário". O adversário do Flamengo é, também, adversário do comentarista.
Outro dos "preferidos" e, nesse caso, é quase doentio é Cristiano Ronaldo. Quando ele estava no Real Madri (o time da maioria dos especialistas futebolísticos brasileiros... pelo menos no exterior) e eles narravam um jogo do Barcelona, por exemplo, eles falavam mais do Real Madri e do CR7, do que do jogo que narravam e comentavam. "O Real Madrid vai jogar amanhã contra o Celta de Vigo e é amplamente favorito. Cristiano Ronaldo é o carrasco do Celta. Já marcou (sei lá quantos) gols contra o Celta".
Agora eles fazem isso na Copa dos Campeões da UEFA. Mesmo com a Juventus, equipe atual do português, fora da copa, eles sempre lembram de algum detalhe sobre o jogador. Ou o número de gols que ele já fez na copa; quantos jogos; quantas vezes foi campeão etc. Se um desses caras cruzar com ele em um aeroporto, temo que eles façam a família passar vergonha. Não duvido que se lancem aos pés dele e o que vão fazer depois pode ser proibido para menores.
Outro querido é o goleiro Neuer, do Bayern de Munique. Vou dar um exemplo recente. Da semana passada. Bayern e Paris Saint-Germain disputavam o primeiro jogo pelas quartas de final da Copa dos Campeões. Neuer tomou um gol por debaixo das pernas. Pode acontecer, mas fica feio para o goleiro que é considerado por todos os comentaristas e narradores brasileiros como o melhor do mundo. Passando a repetição do lance bem de perto, por trás do goleiro, a bola bate na coxa dele e vai tranquila por baixo das pernas. O comentarista, enquanto passava a terceira ou quarta repetição daquela posição, dispara: "a bola bateu na barriga do Neuer e entrou". Só se foi na "barriga" da perna. Mas não foi. Foi na coxa.
O trio perfeito para eles certamente seria o Real Madrid contratando o goleiro Neuer e Cristiano Ronaldo. Ou... o Flamengo no lugar do Real...
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