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domingo, 8 de novembro de 2020

EUA: Uma eleição que não acabou


EdiSilva

Trump não abandonou a campanha política desde que a iniciou para concorrer em 2016. Todo o seu governo foi uma campanha permanente. Cerca de cinco anos de campanha. Onde mais nós vemos isso acontecer? Qual outro política ganhou a eleição e não abandonou o palanque? 

Com Trump eleito, foi um bater sem cessar nos "inimigos", internos e externos, e foi uma campanha que deu resultado, se considerarmos o resultado final sem levar em conta a derrota e a horda de seguidores que ele logrou colocar nas ruas para sua defesa.

Trump conseguiu mais votos nessa eleição do que em 2016, quando foi eleito contra Hillary Clinton com o maior número de delegados, mas com número superior a dois milhões de eleitores a menos. E, mais importante, ele conseguiu mais votos agora que o presidente eleito que tinha sido o mais votado da História: Barack Obama. Obama recebeu em sua primeira eleição em 2008, 69,4 milhões de votos.

Trump teve 70,9 milhões de votos na eleição com a maior participação popular da história norte americana. Só perdeu por que seu oponente bateu de longe o recorde de Obama, conseguindo mais de 75 milhões de votos. Esses números ainda mudarão, pois continua a contagem de votos em vários estados, mas em situação que não pode mais mudar o resultado final.

Ou seja, o trumpismo perdeu, mas continua forte. Nada indica que sairá das ruas somente devido à derrota de seu líder. 

A eleição não acabou ainda devido à contagem, apesar de ter saído o resultado final que dá vitória para o democrata, mas porque Trump, assim como Aécio no Brasil em 2014, promete levar o jogo para a prorrogação dos tribunais. E da cabeça de juiz, ninguém sabe o que pode sair. Basta vermos o que acontece no Brasil sempre que a justiça entra no meio: política. E Trump tem maioria na suprema corte do país.

Trump e suas milícias

Mas, passando pela eleição e sua prorrogação, nada garante que ela acabe por aí, ontem, após o resultado da contagem na Pennsylvania, dando os vinte delegados necessários para Biden vencer, muita gente saiu às ruas para comemorar. A festa continua hoje. 

E como as milícias de Trump reagirão? O mês de março deste anos é o recordista em pesquisa de antecedentes de interessados na compra de armas de fogo, segundo a CNN. Foram feitas 3,7 milhões de checagens, passo obrigatório para quem desejar comprar uma arma de fogo no país. Essa checagem é feita ao FBI. Nem todos devem ter conseguido comprar sua arma, mas não deve ter sido muito menos que isso. O interessante é que a pesquisa de antecedentes não leva em conta que a pessoa sem esse tipo de registro é somente aquela que ainda não matou ou tentou matar alguém. Antecedente não significa nada. Não mede intenção ou voluntarismo. Se uma pessoa desarmada é ofendida, ela pode simplesmente seguir seu caminho, talvez após uma troca de palavras duras. Mas se essa pessoa está armada, sua coragem é outra e tudo pode terminar em tragédia.

Quando se abre a caixa de Pandora, como aconteceu nos EUA, com a eleição de um extremista, que provoca seus seguidores ao ódio contra outras pessoas, não se consegue colocar esse ódio novamente na caixa facilmente. A derrota do líder não significa o fim dos ânimos exaltados. Isso aconteceu, e, infelizmente é o maior exemplo e precisa ser sempre lembrado, na Alemanha pré nazista. Hitler perdeu eleições, mas sua força cresceu, pois a caixa do ódio já estava aberta. E o ódio é mais atrativo que o amor. 

O Brasil está no mesmo caminho. A caixa já foi aberta, como fechá-la? Podemos estar assistindo nosso futuro e podemos aprender com isso.

Até onde seguirá esse confronto? É possível uma divisão na auto declarada maior democracia do mundo?


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