Religião X política - qual a nossa base para essa luta? - Forte Cultural

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quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Religião X política - qual a nossa base para essa luta?


EdiSilva
A questão religiosa precisa ser vista com muito cuidado no Brasil.

Concorrendo à prefeitura de São Paulo, FHC, antes de ser presidente da república, disse que era ateu. Perdeu a eleição cujas pesquisas lhe davam dianteira.

De lá para cá a situação piorou. Não existia essa legião de fundamentalistas evangélicos que existe hoje.

Político que se colocar contra religiões não se elege para cargos majoritários.

Podemos ser puristas e pregar que é melhor então que não se eleja. Ou seja: entregar o jogo, que já está complicado, de antemão ao inimigo.

Qual é nossa força para fazer isso agora?

Eu não aprovo de forma alguma o que deputados de esquerda fizeram no projeto de liberação de impostos de igrejas, mas tenho que ser realista.

Muitos dos políticos de esquerda são, eles mesmos, religiosos. Lula já declarou isso diversas vezes. Benedita, candidata à prefeitura do Rio (que votou a favor do projeto) é evangélica.

Sobre Benedita: é melhor termos uma candidata que votou a favor desse projeto como prefeita do Rio ou deixar que continue lá o representante direto do bispo?

Na vida nunca temos "preto" e "branco". Existem diversas nuances de cor entre os dois. A esquerda, em geral, quer que seja o bem ou o mal, sem levar em conta nossas idiossincrasias. 

É claro que Benedita precisa saber que não aprovamos a decisão tomada, mas não com a virulência que tenho visto nas redes sociais. 

Vi gente dizendo no twitter que por causa disso ia fazer campanha para o capetão em 2022. Peraí! Cumé qui é? Isso pra mim é fraqueza de espírito. O cara já está em cima do muro e aproveita a brisa pra se jogar para o outro lado.

Um amigo me disse certa vez que um fulano tinha pertencido a sindicato e outras organizações de esquerda, mas decepcionado, mudou para o outro lado. Eu disse a ele que isso é um exemplo do que mais existe no Brasil: fraqueza de propósito; falta de base teórica. Apesar de não ser religioso, eu o lembrei que já vi muitos católicos falando sobre a semente que se joga sobre as pedras. Ela não cria raiz e sem a sustentação, pode ser arrancada facilmente.

Acho que os partidos precisam apostar mais em formação política. É mais importante um militante com base do que dez sem raiz.

Eu fui imediatamente ver se minha deputada havia votado a favor do tal projeto, pois foram cinco votos  favoráveis do PT. Ela não votou, mas se o tivesse feito, eu procuraria lhe mostrar meu descontentamento de forma privada. Eu votei nela porque vi muito do que ela já fez no parlamento e acredito no que ainda pode fazer, mas não destruiria tudo isso por causa de um erro, ainda mais sobre religião, cuja relação com a política já coloquei no início deste texto.

O Brasil é um Estado laico na /constituição,mas não o é na prática.

A direita colocou bolsonaro na presidência trabalhando ao longo do tempo. Arrancando a credibilidade do PT aos poucos, como quem escava por debaixo de um prédio para enfraquecer suas fundações. Em 2006 eles foram com tudo em cima do mensalão e Lula se reelegeu em uma derrota fragorosa da imprensa de direita e dos partidos que ela apoia. Ela se recolheu e esperou, enquanto cavava. Deu resultado.

Se detonarmos nossas bases a cada erro cometido, com o que vamos lutar depois?

Mas eu estou no mundo para aprender. coloque nos comentários sua posição.


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